segunda-feira, 6 de junho de 2011

Dos dias feitos de adeus


Vão passar os dias de vontades escondidas, de sorrisos cheios de mistérios e um coração com saudades suas, afinal, não adianta acariciar-me com uma faca e em seguida trazer esparadrapos, pois a ferida é bem mais profunda, e bem mais dolorida do que as suas vãs experiências amorosas possam te recordar. 

Malditas mãos vazias que doam e se entregam tanto, e recebem tão pouco em troca. 

Já quis dormir com a sua respiração no pescoço, com teus braços em um eterno abraço de cobertor. Mas me enrosco apenas em minha companhia, e as tuas poucas palavras que nunca me tomam como destinatária.
Escuto a música que te indiquei certa vez, e que acredito que você nunca escutou. Me olho no espelho e repito sem que ninguém escute as palavras do sábio Caio Fernando de Abreu: “Cuidado com ilusões mocinha, profundas e enganosas feito o mar”. Repito, repito, repito. 

Onze horas. 

Os ombros estão cansados, covardes. Os olhos já ardem de sono, mas não deito porque sei que ao fechá-los é sua imagem que me faz companhia. Tento me convencer que já foi, escuto músicas e revejo antigas lembranças de quem já me passou, mas não consigo disfarçar. O sentimento, tá lá.

Respiro.

Nove vezes. 

Um cenário: Já deitada na cama, debaixo de três cobertores na vã tentativa de sentir-me em um lugar mais acolhedor. Desligo o abajur. Admiro a escuridão do meu quarto. Os olhos continuam a arder, implorando descanso. Mas não. Ainda não. Aindo me mantenho acordada na frustrada esperança de que algo de bom ainda está para acontecer. 

Onze e trinta. 

O celular não toca, e nem a cidade me acalenta com algum barulho sequer. Mas de repente escuto um barulho. O velho barulho de um coração que ainda bate. Eu dei conta de mim. Ele continua a bater, mesmo com toda a desesperança, mesmo com o nó... 

Deixo o recado perdido em entrelinhas, que surgem quasesemquerer toda vez que eu sinto a falta de tudo o que é prometido a mim e oferecido a sei lá quem. A gente pode continuar assim moço, “ sendo-sem-ser”. Te leio inteiro, não tento te decifrar, mas abuso de tudo o que possamos ser. 

Talvez eu buscasse em você a cura do meu mal. Mal esse que você também parecia padecer. Eu desejava não ser mais acompanhada pela solidão. Mas talvez seja essa a essência. Mais um adeus dentre tantos “adeuses”. Mas um gole rápido. Um pensamento fútil. 

Eu dormi. 

E acordei te lembrando como um sonho bom.

Dedilhado na noite do desamor.

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