Vão passar os dias de vontades escondidas, de sorrisos cheios de mistérios e um coração com saudades suas, afinal, não adianta acariciar-me com uma faca e em seguida trazer esparadrapos, pois a ferida é bem mais profunda, e bem mais dolorida do que as suas vãs experiências amorosas possam te recordar.
Malditas mãos vazias que doam e se entregam tanto, e recebem tão pouco em troca.
Já quis dormir com a sua respiração no pescoço, com teus braços em um eterno abraço de cobertor. Mas me enrosco apenas em minha companhia, e as tuas poucas palavras que nunca me tomam como destinatária.
Escuto a música que te indiquei certa vez, e que acredito que você nunca escutou. Me olho no espelho e repito sem que ninguém escute as palavras do sábio Caio Fernando de Abreu: “Cuidado com ilusões mocinha, profundas e enganosas feito o mar”. Repito, repito, repito.
Onze horas.
Os ombros estão cansados, covardes. Os olhos já ardem de sono, mas não deito porque sei que ao fechá-los é sua imagem que me faz companhia. Tento me convencer que já foi, escuto músicas e revejo antigas lembranças de quem já me passou, mas não consigo disfarçar. O sentimento, tá lá.
Respiro.
Nove vezes.
Um cenário: Já deitada na cama, debaixo de três cobertores na vã tentativa de sentir-me em um lugar mais acolhedor. Desligo o abajur. Admiro a escuridão do meu quarto. Os olhos continuam a arder, implorando descanso. Mas não. Ainda não. Aindo me mantenho acordada na frustrada esperança de que algo de bom ainda está para acontecer.
Onze e trinta.
O celular não toca, e nem a cidade me acalenta com algum barulho sequer. Mas de repente escuto um barulho. O velho barulho de um coração que ainda bate. Eu dei conta de mim. Ele continua a bater, mesmo com toda a desesperança, mesmo com o nó...
Deixo o recado perdido em entrelinhas, que surgem quasesemquerer toda vez que eu sinto a falta de tudo o que é prometido a mim e oferecido a sei lá quem. A gente pode continuar assim moço, “ sendo-sem-ser”. Te leio inteiro, não tento te decifrar, mas abuso de tudo o que possamos ser.
Talvez eu buscasse em você a cura do meu mal. Mal esse que você também parecia padecer. Eu desejava não ser mais acompanhada pela solidão. Mas talvez seja essa a essência. Mais um adeus dentre tantos “adeuses”. Mas um gole rápido. Um pensamento fútil.
Eu dormi.
E acordei te lembrando como um sonho bom.
Dedilhado na noite do desamor.
Se escondendo?
ResponderExcluirSaudades sempre...
beijos,
Raphael
Estou aqui. Apenas em um novo canto.
ResponderExcluirBeijos
Pri