quinta-feira, 2 de junho de 2011

Cicatrizes não doem

Sou adepta à frase de que o tempo pode nos ensinar muita coisa, mas jamais apagar. Atitudes, palavras, erros, todos podem ser perdoados, mas jamais esquecidos. Sempre deixam marquinhas, mesmo que pequenas. Mas elas sempre estarão lá.
Isso não é válido apenas para momentos ruins, cicatrizes também marcam bons tempos. Sabe aquela que tenho no joelho? Eu estava brincando de pega-pega na quarta série e cai. Todos meus amigos vieram me levantar, e é disso que me lembro quando olho para a minha marquinha. Que quando cai e as lágrimas queriam insistentemente rolar, eles estavam lá para me levantar.
Você foi a minha marca mais profunda, e mais confusa, pois já não sei deixou lembranças boas ou ruins. Ao mesmo tempo que estavamos juntos você se sentia sozinho, e eu tentei preencher cada espaço inutilmente. Esqueci até mesmo dos meus espaços vazios para suprir as suas necessidades. Abri mão de tanta coisa... e para quê? Dessa vez eu cai e não tinha ninguém em quem eu pudesse me apoiar para levantar, ou uma mão estendida. As pessoas apenas pareciam rir. Sim, aquelas mesmas pessoas que você tinha sentido tanta falta.
Parece que dessa vez eu ia ficar ali, estendida no chão. Sem vontade, sem sonhos, sem motivações. Dessa vez eu estava até mais madura do que na quarta série, mas as lágrimas rolaram e todos ainda me fitavam, agora com dó, mas jamais com algum tipo de ajuda. Uns apenas gritavam: " Levante-se desse chão, não deixe que outros zobem de você. Seja forte! " Mas de que adianta esforços sem estímulos?
E depois de muito chorar minhas lágrimas fizeram uma poça, e naquele amontoado de água salgada eu vi refletido o céu e me lembrei. Lembrei que alguém lá em cima esperava mais de mim, e mais do que esforço isso foi um estímulo que criei.
Me reergui, com uma certa arrogância por ter estado ali tanto tempo sem você pra olhar por mim. E cresci, cresci com uma vontade louca de nunca esquecer da criança que ainda vive em mim e não me deixa seguir em frente sem ter um sorriso nos lábios.
Muita coisa aconteceu nesse tempo, mais do que exterior, o que mudou de verdade foi aqui dentro. Um terremoto, que agora sim deixou tudo em seu devido lugar.
Você passou, e quem diria, mesmo com tudo aquilo que você queria, hoje você sente falta de mim. Falta do carinho, do amor que resolvi dedicar a quem mais precisasse.
Hoje é você quem está caído, e sim, posso abrir mão do meu orgulho e diferente dos outros posso te estender a mão, te reerguer, mas nunca sem esquecer que você passou e pra mim representa apena uma cicatriz. Nada mais. E diferente de feridas, cicatrizes já não causam o mínimo efeito de dor; só nos fazem recordar do que aconteceu, e imaginar o que poderia ter sido diferente. Cicatrizes não falam, mas mostram. Cicatrizes já não me fazem mais chorar.

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