segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Sem ínico e sem fim.

Ela sabia dos inúmeros compromissos que ambos tinham para o dia seguinte: um trabalho a comparecer, formalidades a cumprir, algumas pessoas a encontrar. Certo, que nada disso os despertava a vontade, mas apesar de poetas loucos eles se sabiam comuns. 
Mas ela não conseguia dormir. A chuva caía insistentemente lá fora, a música em volume baixo dançava naquele quarto sob a luz de um abajur. Já foram um, dois, três comprimidos. Já foram quatro, cinco, seis músicas. Até a chuva já cessou, mas as memórias não davam trégua, a saudade não desistia, e o aperto no peito só pedia mais e mais do que não se podia.
Como ele pôde? Era tão simples lhe dizer que nada fazia mais sentido, que estava a sonhar com outra pessoa, tão diferente dela. Como ele pôde, falar de sentimentos que talvez nunca tivesse sentido.
Pegou as chaves do seu carro. E saiu. Bateu à porta dele. “E se ela atendesse, o que lhe diria? E se não tivesse ninguém em casa o que faria?”
Ele abre a porta. Podia se sentir o cheiro do café casa adentro. Existiu o convite para que ela entrasse.
“Satisfeita por me trazer aqui, tola, sem sentido e sem nenhum discurso convincente?”  Discursava ela com a saudade.
Juntos tomaram um café, logo ela que odiava café. Nenhuma palavra foi trocada. Um abraço tomou conta, as xícaras foram deixadas na mesa, e a cama ainda arrumada os convidava. Nada fazia sentido,e é justamente a falta de sentido que torna tudo assim, tão verdadeiro.
Não espere o final da história, afinal, se tudo foi tão improvável desde o começo, não cabe a mim trazer o fim.

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