quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Rifa-se um coração.
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Um pouco usado, meio calejado e um pouco inconsequente.
Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu:
"... não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero..."
Rifa-se um coração que não endurece, e mantém viva a esperança de ser feliz sendo simples e natural.
Um furioso suicida.
Que perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
As vezes tão incompreendido...
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se um desequilibrado emocional
Que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco seu usuário.
Troca-se por um órgão mais fiel, um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado.
Rifa-se um coração que não foi adotado.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um modelo cheio de defeitos que mesmo estando fora do mercado não faz questão de se modernizar.
Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta.

Clareando com Clarice.

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